segunda-feira, 22 de julho de 2013

Sem Calçados

Por Jú Taouil

Entre pedras e flores, vejo o céu
Tão resplandecente quanto o olhar perdido
Da menina vagando na rua.
Milhões de sombras ao seu redor
"O que faço aqui?", se nem consegue
Enxergar a própria luz que emana de
Seus próprios passos.

Olha pras estrelas no céu
"O que são aquilo?" Vagalumes iluminam
Sua faceta, raio do desconhecido. 
Muitos à sua volta, nenhuma lembrança.
Nenhuma lembrança, só o pudor de viver
Uma vida sem sentido.

E lá se foi, perdidamente vivendo naqueles trilhos
Descalça pisava com pés sujos,
Sem saber pra onde ir.

Entre águas cristalinas e rios sujos
A podridão da doença daqueles pobres
e insanos que riam da menina passando
na rua. Sabe ela o que faria se ninguém erguia
a mão àquele broto selvagem, perdido na selva
Na imensidão do horizonte, onde nada tinha.

E lá se foi, perdidamente vivendo naqueles trilhos
Descalça pisava com pés sujos,
Sem saber pra onde ir.